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A confiabilidade das Escrituras

Por Marlon Vargas (DVG) "Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e...

Compreendendo a Teoria da Evolução

 


Por Raul Esperante (publicado no site Geoscience Research Institute)

A teoria da evolução permeou a maioria dos campos do conhecimento, incluindo ciências, humanidades, engenharia etc. A maioria dos alunos aprende a teoria da evolução como parte de uma visão de mundo abrangente que explica tudo em termos materialistas, da medicina à economia, do comportamento humano e animal à biologia molecular. Portanto, é importante conhecer os fundamentos dessa teoria para entender como essa ideologia influencia as interpretações e o desenvolvimento dos diversos campos do conhecimento e da pesquisa.

Primeiro, o que significa o termo “evolução”? A palavra tem dois significados relevantes aqui. O termo evolução pode ser usado como mudança no tempo. As populações de organismos mudaram ao longo do tempo por meio de pequenas variações (mudança genética) que acontecem em um curto espaço de tempo. Este tipo de evolução é denominado microevolução.

Algumas pessoas usam o termo evolução para se referir à causa ou mecanismo de mudança. Geralmente, eles se referem ao mecanismo da seleção natural e é isso que Darwin enfatizou. Supõe-se que o mecanismo de mutação/seleção natural seja capaz de gerar novas informações genéticas e novos organismos, embora isso não tenha sido comprovado. Este tipo de evolução é denominado macroevolução e implica a origem de planos corporais principais e novos grupos de organismos. A maioria dos evolucionistas afirma que o acúmulo de muitas pequenas mudanças (microevolução) ao longo de um longo tempo gera grandes mudanças nas espécies (macroevolução). No entanto, essa ideia está enfrentando cada vez mais oposição de dentro da comunidade evolucionária.

Darwin, em seu livro On the Origin of Species (1859), defendeu a ideia de que todos os organismos podem ser rastreados até um ancestral comum no passado distante. Nessa visão, todos os fósseis e animais vivos e plantas descendem de um ancestral comum por meio do acúmulo de pequenas mudanças (microevolução) ao longo de milhões de anos.

A ideia de evolução antes de Darwin

A ideia de evolução dos seres vivos não era original de Darwin. Esse conceito já existia entre os antigos filósofos gregos, embora eles não o chamassem de 'evolução'. Eles tinham uma noção filosófica de descendência com modificação. Vários filósofos gregos propuseram diferentes conceitos de origens, alguns argumentando que tudo se originava da água ou do ar. Outra ideia comum era que tudo descendia de um princípio central e orientador. Aristóteles sugeriu uma transição entre os vivos e os não vivos, e especulou que em tudo havia um desejo de passar do baixo ao alto, finalmente tornando-se divino.

Durante a época medieval, a ideia de evolução não era popular. Na Europa, a maioria das pessoas acreditava na criação especial, conforme contado no livro bíblico de Gênesis: a vida era o resultado da criação divina. Alguns também acreditavam que as diferentes formas de vida não mudaram desde o tempo da criação (fixismo), mas esse não é um conceito que pode ser inferido da Bíblia.

As pessoas também acreditavam em alguma forma de geração espontânea quando viam organismos (moscas, ratos, besouros, vermes etc.) aparecerem espontaneamente e inteiramente formados a partir de matéria orgânica em decomposição.

O naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-1778), considerado o pai da taxonomia moderna por seu trabalho na classificação hierárquica das espécies, afirmava que o fato de os organismos poderem ser classificados em grupos naturais indica ordem na diversidade, que esta ordem revela origem divina e propósito e que a hierarquia taxonômica indica propósito divino. No início, ele acreditava na natureza fixa das espécies, mas depois, com base em experimentos de hibridização em plantas, convenceu-se de que novas espécies poderiam surgir. No entanto, ele manteve sua crença na criação especial no Jardim do Éden, consistente com a doutrina bíblica, à qual era bastante devotado. Para Linnaeus, as novas espécies criadas pela hibridização de plantas fazem parte do plano de Deus; ele nunca considerou a ideia de evolução não mediada pela ação divina.

No século XVIII, vários pensadores começaram a especular sobre a origem de organismos fora do modelo bíblico da criação. O filósofo alemão da Idade do Iluminismo Immanuel Kant (1724-1804) desenvolveu um conceito de descendência que antecipou o pensamento darwinista. Com base nas semelhanças entre organismos, Kant especulou que as espécies poderiam ter se originado de um tipo ancestral comum e sugeriu que “um orangotango ou chimpanzé pode desenvolver órgãos que estão acostumados a andar, agarrar objetos e falar frases curtas”. [1]

O naturalista francês Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) acreditava que a evolução biológica ocorria de acordo com a lei natural. Ele propôs a teoria da herança de características adquiridas pela qual as mudanças biológicas adquiridas na vida são passadas para a próxima geração. Ele acreditava que a vida se originou espontaneamente e que os organismos aumentam em complexidade e diversidade à medida que se adaptam ao meio ambiente.

A teoria da evolução surgiu dentro das ciências naturais e da filosofia, em parte auxiliada por novas ideias e interpretações em geologia, especialmente as do naturalista escocês James Hutton (1726-1797), que propôs a ideia de gradualismo nos processos geológicos. Segundo sua teoria, as mudanças observadas na topografia da Terra podem ser explicadas por mecanismos que atuam gradativamente no presente. Essa foi a origem do conceito de u uniformitarismo, que afirma que os mesmos processos que operam hoje moldaram a terra no passado. Hutton e outros observaram que os processos geológicos são lentos, portanto, a Terra deve ser muito antiga.

Uniformitarismo suavemente mudou-se para as mentes da maioria dos naturalistas na Grã-Bretanha e da Europa Ocidental no século XIX, embora alguns estudiosos significativos se opuseram a ela. Por exemplo, o naturalista francês George Cuvier (1769-1832) se opôs à ideia de evolução de Lamarck e outros contemporâneos e propôs a ideia de vários desastres locais que causaram extinções catastróficas com a maior parte ou toda a criação sendo exterminada. pelo reabastecimento de formas de vida por uma nova criação após cada extinção local. Os fósseis corresponderiam às diferentes extinções.

Uma figura chave na incorporação da visão uniformitarista de Hutton da geologia à biologia foi Charles Lyell (1797-1875). Lyell presumiu que os processos lentos que agem na superfície da Terra não mudaram ao longo de milhões de anos - como eles agem e a velocidade com que agem.

Ele tinha a ideia de que o presente é a chave para interpretar o passado. Essas ideias foram muito influentes para Charles Darwin enquanto ele desenvolvia sua teoria da seleção natural para explicar a descendência com modificações. Tanto a compreensão atual de como as mudanças ocorrem na superfície da Terra quanto o modelo de Darwin para mudanças nos organismos exigiram muito tempo, mais do que o modelo bíblico de origens fornecido.

Teoria da Evolução de Darwin

Darwin foi influenciado pelo livro Essay on Population (1798), publicado pelo clérigo e estudioso inglês Thomas Malthus (1766-1834). Malthus afirmou que a população humana mostra uma tendência constante de aumento e que o aumento da população é mais rápido do que o aumento dos recursos alimentares. Esta situação leva à escassez de alimentos e à luta pela sobrevivência. Quando Darwin publicou seu livro Sobre a Origem das Espécies pela Seleção Natural (1859), ele adotou o princípio da superpopulação malthusiana na dinâmica das populações animais. A teoria de Darwin é baseada em premissas semelhantes: há uma universalidade do impulso sexual reprodutivo nos organismos e mais descendentes são produzidos do que os ecossistemas podem sustentar. Portanto, há uma luta pela sobrevivência e apenas os mais aptos sobrevivem.

Darwin também fez analogias com seus experimentos com pombos reprodutores e a seleção artificial realizada por fazendeiros em plantas e animais. Eles selecionariam um personagem de que gostassem e criariam os animais de modo que as gerações sucessivas desenvolveriam esses personagens. Em certo sentido, era uma forma de melhorar a população, uma pequena mudança de cada vez. Darwin pensava que a mudança no mundo natural era semelhante e que pequenas mudanças nas populações selvagens se tornariam fixas. O acúmulo de muitas pequenas mudanças favoráveis ​​acabaria por produzir novas espécies.

Assim, o que Darwin propôs foi um conceito de evolução biológica baseado em duas ideias principais: 1) todos os organismos derivam de um ancestral comum (descendência comum universal) e 2) a diversidade biológica está enraizada na variabilidade de características e na seleção natural resultante da luta para sobrevivência.

Neodarwinismo

A teoria de Darwin enfrentou oposição em muitas frentes, incluindo a de vários cientistas da época. Uma das críticas mais significativas veio de Henry Charles Fleeming Jenkin (1833-1885), professor de Engenharia da Universidade de Edimburgo. Jenkin identificou o que Darwin acreditava ser uma falha de investigação potencialmente fatal em sua teoria: quaisquer novidades resultantes de variações naturais nas espécies seriam diluídas nas gerações subsequentes. Em palavras modernas, a teoria de Darwin carecia de uma compreensão viável da genética. Darwin não sabia do trabalho de um monge tcheco chamado Gregor Mendel, cujas descobertas em experimentos com ervilhas reprodutoras mostraram que as características individuais podiam ser transmitidas de pais para filhos. Embora essa falha seja significativa, o apelo de Darwin aos resultados da seleção artificial entre criadores de pombos repercutiu bem entre seus leitores. Demorou algumas décadas depois de Darwin para que a teoria da evolução incorporasse as descobertas da genética, resultando na chamada teoria sintética da evolução, Neodarwinismo ou a síntese evolutiva moderna nas décadas de 1920 e 1930. Isso levou a uma revisão da teoria original de Darwin, que mais tarde também acrescentou modelos matemáticos complicados de dinâmica populacional e novas descobertas em biologia molecular. No entanto, a teoria modificada ainda mantinha variações aleatórias (agora chamadas de mutações) preservadas pela seleção natural como o motor evolucionário fundamental. Apesar da recepção inicial positiva, a Teoria Sintética provou ter seu próprio conjunto de problemas.

A Teoria Sintética da evolução é baseada em quatro pontos principais, que podem ser considerados como pressupostos da teoria:

  • Variação hereditária. A variação genética ocorre e as espécies não são estáveis, mas mudam com o tempo. Para este ponto, Darwin poderia encontrar evidências no registro fóssil. Darwin, que usou o termo "evoluiu" apenas uma vez em Sobre a Origem das Espécies , chamou esse ponto de "descendência com modificação".
  • Seleção natural que leva à especiação. Devido à escassez de recursos (comida, espaço etc.), há luta pela sobrevivência na natureza - nascem mais indivíduos do que podem sobreviver. Apenas os mais aptos sobrevivem. O mecanismo de mudança evolutiva é a seleção natural (ou sobrevivência do mais apto) agindo nas populações. A seleção natural é um processo lento e gradual que ocorre ao longo de gerações sucessivas. Alguns organismos carregam genes que fornecem alguma vantagem em sua adaptação e sobrevivência. Portanto, esses organismos estão melhor equipados e produzem mais descendentes do que outros. Sua linhagem sobrevive.
  • Mudança cumulativa ao longo do tempo, produzindo novos tipos de organismos. Novas formas de vida surgem da divisão de uma linhagem em duas ou mais linhagens. Além disso, uma linhagem pode mudar lentamente ao longo do tempo sem se dividir em outras linhagens. Embora esse processo seja muito lento e imperceptível ao olho humano, ele leva ao aumento da diversidade em um determinado período. O resultado é a “especiação”, o surgimento de novas espécies por isolamento reprodutivo. Desde Darwin, dois modos de especiação têm sido sugeridos: gradualismo , no qual a evolução ocorre por meio de pequenas mudanças sucessivas ao longo de milhões de anos, e saltacionismo ou equilíbrio pontuado, em que a evolução ocorre em saltos, ou episódios de rápida mudança em curtos períodos de tempo seguidos por longos períodos de pouca mudança e adaptação (estase).
  • Ancestralidade comum universal. Todos os organismos derivam de um ancestral comum. A vida surgiu de um organismo unicelular e se desenvolveu e mudou ao longo de muitas gerações, resultando em formas cada vez mais complexas. Darwin imaginou a vida como uma árvore, com o tronco principal representando o ancestral comum e os ramos as ramificações sucessivas nas espécies. Este ponto de vista é denominado monofilia (ilustrado como uma árvore da vida).

Evidência de evolução em livros didáticos

Os livros didáticos apresentam vários argumentos para a evolução biológica:

  • Ordem e sequência de aparecimento de fósseis na coluna geológica. Os fósseis não aparecem aleatoriamente no registro fóssil nas rochas. Os estratos inferiores têm apenas animais invertebrados marinhos, com animais terrestres e plantas aparecendo em camadas superiores. Este argumento assume um longo tempo para a história da vida na Terra e deposição uniformitarista das rochas sedimentares que contêm fósseis. Assim, os estratos registram um longo tempo da história da vida na Terra, desde as formas "primitivas" até os organismos mais avançados do presente.
  • Ocorrência de alegadas formas fósseis intermediárias ou de transição no registro fóssil. Se a evolução gradual ocorreu, o registro fóssil deve mostrar vários fósseis de caracteres intermediários. Por exemplo, se as tartarugas são o resultado de uma evolução gradual, as rochas devem conter fósseis de animais com um aumento constante nas características de tartaruga até o aparecimento de tartarugas totalmente formadas. Este postulado se aplica a todas as formas fósseis e vivas de animais e plantas. Na verdade, este é um dos argumentos mais problemáticos da teoria da evolução, pois as rochas sedimentares não apresentam aquele suposto registro de formas intermediárias.
  • Homologia anatômica e molecular. Darwin viu que as estruturas ósseas de alguns animais são muito semelhantes às estruturas de outros animais. Por exemplo, os membros de cavalos, morcegos, baleias, gatos e humanos são anatomicamente semelhantes, embora desempenhem funções diferentes. A partir disso, ele concluiu que esses animais devem ter evoluído de um ancestral comum com a versão mais simples da estrutura óssea. Portanto, a estrutura semelhante indica origem de um ancestral comum. Um argumento semelhante é apresentado para semelhanças na composição molecular, especialmente DNA e RNA. Esse argumento tem muitas falhas e cai na falácia do raciocínio circular: similaridade indica ancestralidade comum e ancestralidade comum leva à semelhança de características.
  • Embriologia comparada. Organismos diferentes apresentam desenvolvimento embriológico semelhante, o que indica que eles derivam de um ancestral comum. Esse argumento é baseado em evidências falho apresentado no final do século XIX, que foi completamente contestada por biólogos, incluindo muitos embriologistas.
  • O neodarwinismo afirma que a distribuição geográfica dos organismos na Terra no presente e no passado segue padrões que são mais bem explicados pela evolução, em combinação com o movimento das placas tectônicas ao longo do tempo geológico. Por exemplo, certos grupos de organismos que já haviam evoluído antes da divisão do supercontinente Pangeia (cerca de 200 milhões de anos atrás na escala de tempo uniformitarista) tendem a ser distribuídos mundialmente. Em contraste, muitos grupos de animais e plantas que evoluíram após a separação de Pangeia tendem a aparecer exclusivamente em regiões menores da Terra.

Esses argumentos da evolução podem ser refutados. Existem argumentos sólidos de várias linhas de evidência que sugerem que a evolução como ancestralidade comum não é verdadeira. As ciências da biologia molecular, genética, paleontologia, química etc. fornecem evidências que mostram que a vida deve ter sido projetada por um Criador. Procure artigos sobre esses assuntos nesta página da web e nos recursos vinculados a seguir.


Raul Esperante, PhD
Geocience Research Institute


[1] IEP (Internet Encyclopedia of Evolution), 2010, http://www.iep.utm.edu/evolutio/

 

Por onde vou entrar...

As historinhas de Flood, o dinossauro


 

O Deus que vê toda história

 


Por Marlon Vargas (DVG)

"Desde o início faço conhecido o fim, desde tempos remotos, o que ainda virá. Digo: Meu propósito permanecerá em pé, e farei tudo o que me agrada”. (Isaías 46.10)

Nós, por natureza, somos seres limitados, e essa limitação nos permite viver somente o presente, o aqui e agora. O que está a nossa frente é futuro e nada podemos fazer para antecipá-lo ou prevê-lo. Um segundo atrás já é passado e não tem como voltar no tempo, nem o modificar. Podemos voltar no espaço, por exemplo, visitar a escola que estudamos a primeira série, o ensino médio, a universidade e recordar aquele tempo. Mas jamais conseguiremos voltar no tempo.

O mesmo não acontece com Deus. Ele é o Eterno. Ele está presente em todos os lugares, isso se chama Onipresença, ou seja, seu ser está em todas as partes. Ninguém pode se esconder da presença de Deus (Salmos 139.7-11). Mas tem um lugar onde a presença de Deus se manifesta em todo seu esplendor: o céu.

O céu

A Bíblia nos dá a entender que o céu é dividido em três partes (2Coríntios 12.2): primeiro, segundo e terceiro céu. O primeiro é o céu imediato, ou céu atmosférico onde estão as nuvens no qual voam as “aves dos céus” (Jó 35.11); o segundo céu é o espaço exterior onde estão os astros, na Bíblia também chamado de “firmamento” (Gênesis 1.8,14); e o terceiro céu, é onde habita o Deus Triúno[1], também chamado de paraíso, lugar de bem-aventurança e de repouso entre a morte e ressurreição dos santos (cf. Lucas 16.22; 2Corintios 12.2). É para onde vai a alma dos salvos (2Coríntios 5.8; Filipenses 1.23; Lucas 23.43). É deste céu que descerá a “cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial”. Nesta cidade, estará o trono de Deus e do Cordeiro, habitação de uma multidão incontável de anjos, e nossos irmãos que já morreram e estão com Cristo, tanto os salvos da Nova Aliança, “a igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos no céu”, como os salvos do Antigo Testamento, “os espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hebreus 12.22-24). Em Deuteronômio 10.14, Deus declara que a Ele “pertencem os céus e até os mais altos céus”. É do céu que Deus exerce seu domínio sobre toda a criação.

Com um simples olhar

Com um só olhar Deus vê e acompanha todo 
o eixo do tempo. Deus está além do espaço/tempo
Deus não está limitado as nossas dimensões de espaço e tempo. Como Criador de todas as coisas (e isso inclui o espaço, o tempo e a matéria[2], ele não precisa estudar a história para conhecer o passado nem esperar as coisas acontecerem para saber do futuro. Ele vê tudo com um simples olhar. O escritor Werner Gitt nos ajuda a entender essa questão: “Deus é Espírito e, por ser Senhor da Criação, Ele não está limitado pelos fenômenos criados por Ele, de espaço e tempo. Deus vê e acompanha todo o eixo do tempo com um só olhar, por isso as diferentes épocas em nosso eixo do tempo não significam áreas continuas para Ele. Deus abrange 1000 anos com o mesmo olhar como se fosse um dia qualquer. Por isso, para Deus vale aquilo que, para nós, parece algo incompreensível: “Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi como a vigília da noite” (Sl 90.4)[3]”.

Deus é onisciente

Entre as perfeições de Deus, ou atributos (além da onipresença já citada), está a onisciência, o que significa que ele sabe tudo, todas as coisas reais e possíveis. A. W. Tozer escreveu a este respeito: “[...] Como Deus conhece todas as coisas perfeitamente, ele não conhece uma coisa melhor do que outra, mas a tudo igualmente bem. Ele nunca descobre nada, nunca se surpreende, nunca se assusta. Deus nunca imagina como será algo nem busca informações nem faz perguntas (exceto quando inquire os homens para o próprio bem deles)[4]”. Alguns versículos bíblicos confirmam esse conhecimento prévio:

― Deus conhece todas as suas obras desde o princípio (Isaías 41.26; 46.10; Atos 15.18);

― Deus conhece nossa história antes de nascermos (Jeremias 1.5; Salmos 139.16);

― Deus conhece a história e o que poderia ter acontecido sob certas circunstâncias. Exemplos: (1) Sodoma não seria destruída se os milagres de Cristo tivessem sido realizados nela; (2) As cidades de Tiro e Sidom teriam se arrependido com os milagres de Cristo (leia Mateus 11.20-24);

― Deus conhece a história e toma decisões segundo a sua vontade: (1) Ele age em todas as coisas para o nosso bem: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos[5]" (Romanos 8.28,29); (2) Ele age para preservação da vida: “Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria” (Mateus 24.22a). Neste versículo, Jesus se refere a uma ação ocorrida na eternidade passada, em que Deus determinou a abreviação da Grande Tribulação a fim de evitar o extermínio da raça humana. Tomas Ice escreveu: “Jesus estava ensinado que Deus, no passado, já havia abreviado a Grande Tribulação. Ele disse isso no sentido de que, no passado, Deus tomou a decisão de interrompê-la quando chegasse determinado momento, em vez de deixar que a Grande Tribulação continuasse indefinidamente. Por Sua onisciência, Deus sabia que se a Grande Tribulação continuasse indefinidamente, toda carne pereceria na terra. Para evitar que isso acontecesse, Deus, no passado, estabeleceu um momento preciso para encerar a Grande Tribulação[6]”; (3) Ele age para a Redenção da humanidade. Deus viu a queda do homem antes da criação do mundo e que seria necessário Cristo redimir a humanidade:

"Deus conhece as suas obras desde o princípio"
“Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas corruptíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver, transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo[7], revelado nestes últimos tempos em favor de vocês” (1 Pedro 1.18-20), “Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo” (Apocalipse 13.8).

Deus no controle

Muitas pessoas podem achar que o mundo, no estado atual, está desgovernado, largado a própria sorte. Grande engano. Os textos que lemos acima nos mostram que Deus está no comando de tudo. Sempre esteve. A Bíblia afirma que Deus é o Criador e sustentador do universo (Atos 17.24-28), ele tem em suas mãos o desenrolar da história e vela pela sua palavra. A vida segue seu curso, nem sempre segundo a vontade diretiva de Deus, mas tudo dentro da vontade permissiva de Deus.

O fato de Deus conhecer a história antecipadamente e intervir sempre que necessário, como na queda do homem (Deus fez a propiciação pelo pecado de Adão e Eva), no dilúvio (para evitar a corrupção total da raça humana), na planície de Sinear, com a confusão das línguas (para dar um fim as rebeliões conduzidas por Ninrode[8]), na destruição de Sodoma, Gomorra e arredores (por causa do pecado grave), no Egito (para dar liberdade ao seu povo, Israel) e tantas outras no decorrer da história, de nenhuma maneira, essas intervenções afetaram o livre-arbítrio do homem[9]. As intervenções de Deus foram por causa das consequências das escolhas erradas que o homem fez. Este tem liberdade para fazer o que bem entende, e por ser intelectualmente capaz de avaliar as escolhas, é, portanto, responsável por suas consequências. Essa é a lei da semeadura e da colheita, as pessoas colhem o que plantam: “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois tudo o que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gálatas 6.7,8). A lei da semeadura e da colheita existe para que possamos fazer as boas escolhas. 

Mas, mesmo fazendo a pior escolha possível, Deus não abandonou Adão, nem seus descendentes. Deus sabia que Adão falharia no teste por ele imposto, mas mesmo assim decidiu criar o homem e não retirou a sua graça, mesmo após o ato de rebeldia. O fracasso humano, foi a oportunidade para Deus escrever a mais linda história de amor que se tem notícia: a história do Pai que enviou o seu Filho para salvar a joia da sua criação. Uma história que, assim como um quebra-cabeça, Deus cuidou para que cada peça se encaixasse perfeitamente. 

Que Deus em Cristo vos abençoe.

NOTAS


[1] Merril Unger identifica o segundo céu como a habitação dos anjos e o terceiro céu, habitação do Deus Triuno. UNGER, M.; Dicionário Bíblico Unger. SBB – São Paulo, 2017, p. 236.

[2] Conforme Gênesis 1.1: “No princípio (tempo) Deus criou os céus (espaço) e a terra (matéria)”.

[3] GITT, W.; O tempo e a eternidade. Ed. Actual – Porto Alegre, 2014, p. 46.

[4] RYRYE, C.; Teologia Básica. Ed. Mundo Cristão – São Paulo, 2004, p.48.

[5] Transcrevo nota com explicação desse texto: “[...] Paulo aqui se refere ao fato que, na eternidade passada, Deus conhecia os que, pela fé, se tornariam o seu povo [...] a predestinação é para que se amoldassem moralmente ao seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. Bíblia de estudos NVI p. 1934.

[6] ICE, T.; Jesus e o fim dos tempos. Ed. Actual – Porto Alegre, 2012, p.14.

[7] Grifo do autor.

[8] Ninrode (Rebelde) foi o fundador da primeira potência imperial da história humana. Rebelião religiosa: fundador da Babilônia, cidade descrita na Bíblia como um sistema religioso e moral perverso. Rebelião política: Deus ordenou que o povo se espalhasse e povoasse a terra. Ninrode procurou manter todos juntos.

[9] Possibilidade de decidir em função da própria vontade, sem qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante.


O Mediterrâneo e o Dilúvio

 

Por Norbert Lieth (publicado no site CHAMADA )


O que a formação do mar Mediterrâneo tem a ver com o Dilúvio? E por que os cientistas veem uma relação entre os dois, mas relutam em admiti-la?

Lemos numa revista científica alemã:

Para muitos turistas, o mar Mediterrâneo é o paraíso por excelência – um paraíso que nasceu de um inferno! Há mais de cinco milhões de anos, uma terrível inundação passou durante meses pelo estreito de Gibraltar vinda do oceano Atlântico e criou o que hoje conhecemos por mar Mediterrâneo. O impacto dessa inundação deve ter sido imenso: por segundo, até cem milhões de metros cúbicos de água penetraram na bacia do Mediterrâneo. Em alguns momentos, o nível de água subiu dez metros por dia. A erosão provocada pelas massas de água cavou um canal no estreito de Gibraltar – estima-se que esse canal tenha se aprofundado cerca de 40 centímetros por dia. No final ele atingiu as medidas impressionantes de 250 metros de profundidade por 200 quilômetros de comprimento. Os pesquisadores especulam sobre o que teria causado essa inundação. É possível que um abaixamento das placas tectônicas em Gibraltar tenha sido o responsável. (...) Essa suposição é reforçada por dados sismológicos: 300.000 anos antes do “Dilúvio”, o mar Mediterrâneo tinha sido separado dos outros oceanos e tinha secado quase totalmente devido à evaporação da água.[1]

Por que os autores colocaram a palavra Dilúvio entre aspas? Será que eles estão querendo expressar que “sim, houve um dilúvio, mas não no sentido bíblico”? É notável que em todos os continentes é possível encontrar sinais e confirmações para o Dilúvio, tanto na natureza quanto nos relatos das diferentes culturas e povos, mas que as pessoas fazem de tudo para estabelecer teorias que permitam não confirmá-lo.

Por que não conseguem acreditar que o onipotente Criador dos céus e da terra derramou um dilúvio mundial, e que o mar Mediterrâneo sobrou, como uma poça gigante, quando as águas recuaram?

Sucedeu que, no primeiro dia do primeiro mês, do ano seiscentos e um, as águas se secaram de sobre a terra. Então, Noé removeu a cobertura da arca e olhou, e eis que o solo estava enxuto. E, aos vinte e sete dias do segundo mês, a terra estava seca” (Gn 8.13-14).

Escrevem então sobre um “inferno”, uma terrível “inundação” que passou durante meses pelo estreito de Gibraltar. Tudo isso aconteceu com uma força inimaginável e as massas de água causaram muita erosão; fala-se até mesmo de um abaixamento das placas tectônicas. Tudo parece possível, desde que não seja o Dilúvio bíblico. Só que exatamente este é o cenário do Dilúvio. Toda a forma geológica da terra foi alterada de tal modo pelo impacto das águas que a Bíblia chama o mundo de antes do Dilúvio de “mundo antigo” (2 Pe 2.5), pois o Dilúvio fez surgir algo totalmente novo (2 Pe 3.6-7). “Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra” (Sl 104.30).

Os cientistas consideram todo tipo de teoria para explicar essa inundação: “Os pesquisadores especulam sobre o que teria causado esta inundação”. A resposta está na Palavra de Deus: foi o pecado. Era o juízo sobre uma humanidade dominada pelos demônios e moralmente degenerada, que não dava mais espaço à atuação do Espírito de Deus e à Sua Palavra, rejeitando toda e qualquer advertência espiritual. A maldade reinava até nas camadas superiores do povo, em governantes, celebridades, pessoas de influência (heróis), e todos os atos e pensamentos eram dominados pelo mal (Gn 6.1-7).

Até o século 18 não havia dúvidas sobre a Criação por parte de Deus nem sobre um Dilúvio histórico, nem mesmo entre os cientistas. Somente o Iluminismo e a teoria da evolução que ele gerou colocaram em dúvida a revelação bíblica. Hoje essa forma de pensar atingiu e dominou o mundo inteiro. Mas o mais irônico em tudo isso é que as teses nas quais quase todos acreditam atualmente só servem para comprovar a verdade bíblica que se deseja negar. Pedro, por exemplo, escreveu sobre o fim dos tempos: “Tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios” (2 Pe 3.3-7).

De acordo com esse texto, o fim dos tempos será caracterizado pelo fato de se questionar a historicidade do Dilúvio e pela idéia de que de alguma forma o mundo continuará sempre o mesmo. Três coisas devem chamar nossa atenção:

  1. tudo indica que estamos vivendo nesses últimos dias;
  2. a Bíblia tem razão em tudo; e
  3. aqueles que questionam a verdade são chamados de zombadores. (Norbert Lieth — Chamada.com.br)

Nota:

  1. P.M. Fragen & Antworten 5/2010, pg.51.

A confiabilidade das Escrituras

Por Marlon Vargas (DVG)

"Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom animo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança”. (Romanos 15.4)

 

Podemos Confiar Nas Escrituras?

Tudo o que sabemos a respeito do Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, a criação do mundo, a criação do homem, o princípio e o fim da história da humanidade, a consequente criação de um novo céu e uma nova terra no Estado Eterno, encontram-se registrados na Bíblia Sagrada.  Mas será que somente os registros da Bíblia são suficientes? Podemos confiar que tudo que nela está escrito não sofreu alterações nas mãos dos diversos copistas que se encarregaram de escrever os manuscritos ao longo dos séculos que passaram? Então, antes de comentarmos qualquer texto referente aos assuntos principais defendidos neste blog (Volta de Cristo, Criação e Dilúvio), precisamos responder esta pergunta. E a resposta é: Sim! Podemos confiar nas Escrituras, e cito aqui, dois versículos bíblicos que nos dão essa certeza: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16,17) e “Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1.20,21).

Desde que foi impressa, em 1455, a Bíblia tornou-se o maior best-seller da história. Uma pesquisa realizada em 1992[1], estima que foram vendidos mais de 6 bilhões de cópias da Bíblia nos últimos 200 anos, traduzida completamente para cerca de 450 línguas diferentes, e partes dela, para aproximadamente 2.000 línguas e dialetos. A Bíblia Sagrada, portanto, é também o livro mais traduzido de todos os tempos.

A Bíblia é composta por 66 livros, escritos por 40 autores diferentes em um período de cerca de 1500 anos. O Antigo Testamento, formado por 39 livros, foi escrito em épocas diferentes totalizando um período de 1000 anos (1450 a.C. – 435 a.C.) e está centrado na história anterior a Cristo, mas é rico em profecias que apontam para a vinda do Messias prometido. Não existem cópias originais do Antigo Testamento, o que temos são cópias das cópias dos textos originais. Mas isso não representa um problema. Em 1947, com a descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, foram encontrados em várias cavernas das colinas do deserto da Judéia cerca de 500 rolos, sendo que 175 deles são bíblicos, cópias de vários livros do Antigo Testamento[2], com exceção do livro de Ester. Entre esses pergaminhos, foi encontrado o “conhecido como o Rolo de Isaias de São Marcos, escrito em 17 folhas de pergaminhos unidos mediante costura em seus extremos, formando um rolo de 7,5 m de comprimento por 26 cm de altura. É o maior e mais bem conservado de todos os rolos. Foi escrito com caracteres quadrados primitivos, o que, segundo o dr. Albright, o situa no século II a.C[3]”. É o manuscrito hebraico mais antigo que qualquer outro livro da Bíblia. E o que mais impressiona é a fidelidade dos textos quando os livros de Isaías das duas fontes foram comparados, revelou-se que 95% dos textos eram idênticos (5% eram diferenças referentes a ortografia, gramática e caligrafia não afetando o sentido do texto)[4].

O Novo Testamento é composto por 27 livros escritos em um período de 55 anos aproximadamente, durante o século 1. O tema central de todos os livros: a pessoa de Jesus Cristo, o Messias.

Apesar do fato dos judeus se valerem muito da tradição oral para transmitirem seus ensinamentos, era necessário escrever os relatos sobre a vida de Jesus, o qual havia sido morto por crucificação, mas ressuscitou, e assim, cumpriu todas as profecias messiânicas do Antigo Testamento (sobretudo, devido ao crescimento da igreja). Paulo foi o primeiro a perceber essa necessidade e começou a transmitir esses ensinamentos através de cartas direcionadas as diversas igrejas já estabelecidas.

O que veremos a seguir, usando Paulo como exemplo, mostram como os ensinamentos sobre a vida e obra de Jesus (ou seja, sua natureza divina, seu ministério, sua morte pelos nossos pecados, sua ressurreição, o testemunho daqueles a quem ele  apareceu após a ressurreição e sua ascensão ao céu) já estavam difundidos entre seus seguidores, no começo da igreja logo após o Pentecostes e alguns anos antes dos quatro evangelhos serem escritos.

Paulo converteu-se ao cristianismo cerca de 2 anos[5] após a crucificação de Jesus, entrou em contato com muitos dos discípulos do Senhor, inclusive os apóstolos, e assim, recebeu diversos credos da igreja cristã mais antiga como explica o dr. Craig Blomberg, no livro “Em defesa de Cristo”: “[...] esses elementos remontam ao alvorecer da igreja pouco depois da ressurreição. Os credos mais famosos são os de Filipenses 2.6-11, que fala de Jesus tendo a mesma natureza de Deus, e Colossenses 1.15-20, em que Jesus é descrito como a “imagem do Deus invisível”, que criou todas as coisas e por meio de quem todas as coisas foram reconciliadas com Deus, “estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz”. Essas passagens sem dúvida são importantes porque mostram o tipo de crença que tinham os primeiros cristãos em relação a Jesus. Todavia, talvez o credo mais importante no que se refere ao Jesus histórico seja o de 1 Coríntios 15, em que Paulo usa uma linguagem técnica para indicar que estava transmitindo essa tradição oral de uma forma relativamente fixa[6]”. A seguir, a transcrição de 1 Coríntios 15, 3-7: “Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maiorias dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo”. Por que fiz questão de citar os textos acima? Para que possamos ver que os credos a respeito de Jesus se difundiram rapidamente e foram registrados em pouco menos de 20 anos após o ministério de Jesus, quando ainda vivam muitas das testemunhas oculares, diferentemente dos livros amplamente aceitos no mundo secular, que não tem a mesma quantidade  de cópias que o Novo Testamento têm, e na sua maioria, no caso as biografias, foram registradas séculos após os eventos acontecerem. Um exemplo prático, citado pelo dr. Craig Blomberg no livro Em defesa de Cristo, se refere as duas biografias mais antigas de Alexandre, o Grande, as quais foram escritas cerca de 400 anos após sua morte em 323 a.C.[7].

Estátua de mármore de
São Paulo

Entre 14 e 19 anos após sua conversão, Paulo escreveu a primeira das 13 cartas apostólicas[8] (a carta aos Hebreus, apesar de muitos historiadores como Eusébio, Orígenes e Atanásio a reconhecerem como escrita por Paulo, sua autoria permanece indefinida), dirigida a igreja de Tessalônica, no ano 51 d.C., data que a coloca antes ou pelo menos na mesma década em que Marcos escreveu o evangelho.

Já os evangelhos foram escritos por 4 autores que revelam a Pessoa de Jesus em aspectos diferentes: Mateus, apóstolo e testemunha ocular, escreve aquele que é considerado o “Evangelho do Rei dos Judeus”; Marcos, discípulo de Paulo e posteriormente de Pedro, sua fonte, é o autor do “Evangelho do grande Servo de Deus”; Lucas, o médico amado, pesquisou e escreveu o “Evangelho do Filho do Homem”, focando na humanidade de Cristo; e por fim, João, o discípulo amado, escreveu o “Evangelho do Filho de Deus”, no qual demonstra a divindade de Jesus.

Ainda compõem o Novo Testamento, Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas (como uma sequência do Evangelho de Lucas), as cartas de Pedro, João, Tiago, Judas e o Apocalipse.

Na tabela abaixo consta as datas aproximadas da época em que os evangelhos foram escritos[9] e a seguir os demais livros do Novo Testamento em sequência por data.

 

Tabela 1

EVANGELHOS

DATAS APROXIMADAS

Marcos

Opinião 1: fim da década de 50 e início da década de 60 d.C.

Opinião 2: entre 65-70

Mateus

Opinião 1: fim da década de 50 ou na década de 60 d.C.

Opinião 2: escrito em 70 d.C.

Lucas

Opinião 1: escrito em 59-63 d.C.

Opinião 2: escrito na década de 70 d.C.

João

Conceito tradicional: por volta de 85 d.C.

Conceito recente: entre a década de 50 e 70 d.C.

Tiago

Antes de 50 ou começo de 60 d.C.

1 e 2 Tessalonicenses

51 d.C.

Gálatas

51-52 , 53-57  ou a data recuada 48-49 d.C.

Filipenses

53-55, 57-59 ou a data mais provável 61 d.C.

1 Coríntios

55d.C.

Romanos

57 d.C.

Efésios, Colossenses e Filemon

60 d.C.

Atos

Data provável 63 d.C

1 Timóteo e Tito

63-65 d.C.

2 Timóteo

66-67 d.C.

1 Pedro

Entre 60 e 67 d.C.

Judas

65 d.C.

2 Pedro

65-68 d.C.

Hebreus

70 d.C.

1, 2 e 3 João

Entre 85-95 d.C.

Apocalipse

95 d.C.

 Com esse pequeno texto, podemos reafirmar com toda certeza: Sim, podemos confiar nas Escrituras pois ela é a Palavra de Deus.

 NOTAS


[1]  LAHAYE, T.; MINASIAN, D., Jesus. Editora Thomas Nelson Brasil – Rio de Janeiro, 2009, p. 23.

[2] Os judeus consideravam sagrados 22 livros que possuem exatamente os mesmos textos que dos 39 livros que temos em nosso Antigo Testamento, mas com divisões diferentes.

[3] Bíblia Thompson, Editora Vida – Rio de Janeiro, 2010, p.1826.

[5] A Bíblia Thompson (p. 1760) situa a conversão de Paulo no ano 37 d.C., ou seja, sete anos após a crucificação de Jesus. Lembrando que as datas são aproximadas.

[7] STROBEL, L., Em defesa de Cristo. Editora Vida – São Paulo, 2017, p. 41. NOTA DO AUTOR: O dr. Craig Blomberg, cita Ariano e Plutarco como autores. Arriano (Ariano) escreveu “Anábase de Alexandre”, na primeira metade do século 2, enquanto Plutarco escreveu “A vida de Alexandre” no final do século 1. A biografia mais bem escrita de Alexandre, o Grande, está contida no livro “Vidas Comparadas”, Editora Escala, do historiador grego Plutarco, que viveu no século 1. O historiador romano Diodoro Sículo (Sicília), que viveu no 1° século a.C. escreveu sobre Alexandre cerca de 200 anos após sua morte, mas sua obra, “A história Universal”, é considerada uma compilação de fontes mais antigas.

[8] Segundo nota na Bíblia de estudos NVI, p.2049, “1 Tessalonicenses é a carta canônica mais antiga de Paulo, a não ser que se aceite a data recuada (48-49?) de Gálatas.

[9] Bíblia de estudos NVI, Editora Vida – São Paulo, 2003. NOTA DO AUTOR: As datas foram retiradas das páginas introdutórias de cada livro, com exceção dos evangelhos sinóticos (Marcos, Mateus e Lucas) p. 1609.


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